
Pode ter sido um tiro no pé a convenção do PSDB realizada na semana
passada e da qual o vice‐governador Carlos Brandão, seu idealizador,
saiu reeleito presidente. Todos os indícios, reações e desdobramentos
evidenciados até aqui indicam que a convenção foi um ato isolado do
comando tucano maranhense sem o aval da direção nacional, que não
admite, em hipótese alguma, a participação do PSDB numa aliança com
o PCdoB em torno do projeto de reeleição do governador Flávio Dino. A
convenção tucana foi considerada extemporânea e fora de propósito e
causou insatisfação em alguns segmentos do partido e mal‐estar na
cúpula nacional. A reação mais contundente partiu do presidente
nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), que descartou
categoricamente a possibilidade de permitir o alinhamento do partido
ao projeto político do PCdoB.
Diante disso, o PSDB maranhense, que já
vinha sofrendo com fissuras internas, caminha para um racha que
poderá resultar até no retorno do senador Roberto Rocha, hoje no PSB,
para ser candidato a governador. Ou entrar na briga pelo Palácio dos
Leões com a eventual candidatura do prefeito de São José de Ribamar,
Luis Fernando Silva. A guinada do partido poderá ser consumada com
uma intervenção na Comissão Provisória do partido no Maranhão, tendo
como interventor o ex‐prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, por muitos apontado como o mais autêntico tucano do Maranhão.
A situação alinhavada pelo senador Aécio Neves reflete com clareza a
posição do PSDB no plano nacional, que é a de manter a aliança com o
PMDB para o lançamento de um candidato forte a presidente e, na medida do possível, disputar, seja com candidatos próprios ou com
aliados, os governos de todos os estados e as vagas de senador que
estarão em jogo no ano que vem.
E nesse contexto, sob o comando do
vice‐governador Carlos Brandão, o PSDB do Maranhão está se
posicionando na contramão dessa orientação, já que o projeto do
presidente reeleito do partido é manter o alinhamento com o PCdoB
para embalar o projeto de reeleição do governador Flávio Dino. Carlos
Brandão se esforça para, pelo menos, manter o partido na órbita do
Palácio dos Leões, mas as pressões para que o PSDB seja sacado do
grupo aliado do governador Flávio Dino são fortes e dificilmente o vice‐
governador e seus poucos aliados dentro do partido terão forças para manter a situação como está.
O PSDB tem dois caminhos no Maranhão. Se optar por manter a linha
atual sob o comando do vice‐governador Carlos Brandão, a agremiação
irá para as urnas apoiando a candidatura do governador Flávio Dino à
reeleição, que indiretamente significará apoiar também a provável
candidatura de Lula da Silva ao palácio do Planalto. Nessa hipótese, o
partido marchará desfalcado de várias lideranças. A outra, que caminha
para se consolidar, é exatamente o contrário: o comando do partido
intervirá no braço maranhense Maranhão e imporá o seu alinhamento ao
projeto nacional de lançar um candidato contra Lula da Silva numa
aliança com o PMDB, quer pode ser um tucano ou um pemedebista a
presidente, se for o caso.
Se vier a romper com o governador Flávio Dino, o PSDB do Maranhão
apoiará a provável candidatura da ex‐governadora Roseana Sarney
(PMDB), que certamente estará aliada ao candidato presidencial da
aliança PMDB/PSDB. Ou poderá receber de volta o senador Roberto
Rocha e lançá‐lo candidato para disputar o Governo do Estado com o
governador Flávio Dino. Como o deputado federal José Reinaldo Tavares,
que se prepara para disputar o Senado, Roberto Rocha está em rota de
colisão com o PSB nacional por causa das reformas da Previdência e
Trabalhista. É que a cúpula da agremiação socialista fechou questão
contra as reformas, colocando Roberto Rocha contra a parede,
obrigando‐o a tomar uma posição definitiva, que certamente será em
defesa das reformas. Essa postura abre caminho para Roberto Rocha
retornar ao PSDB, situação que o colocará como o nome dói partido para
disputar o Governo do Estado, no caso com o aval do prefeito de São
José de Ribamar, Luis Fernando Silva.
Com o cenário bem desenhado como está e as opções estão bem
definidas, o PSDB vai se posicionar a qualquer momento. E como o
percentual elevado de possibilidades de optar pela intervenção e pelo
rompimento com o governador Flávio Dino e assumir a posição de Oposição no Maranhão
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